Alguns dias atrás fui convidado para palestrar a um grupo que se inseria no mercado de TI. A ideia era apresentar um panorama sobre como está o mercado, para dar um norte aos novos profissionais. Quando estava preparando minha palestra, comecei a escrever sobre o que faz um desenvolvedor, como este interage com a equipe de qualidade e como funcionam as dinâmicas de equipe que eles encontrarão. Mas depois pensei se isso teria sido útil para mim quando estava iniciando minha carreira, e a resposta foi não.
O que teria sido útil naquela época era saber o que diferencia um profissional bom de um ruim com maior ênfase na área de TI, mas que certamente se aplica aos demais mercados. Quais aspectos são importantes para não somente crescer na carreira, mas para ser um profissional decente no melhor sentido da palavra. Então, baseado nas minhas experiências e observações, listei 8 características que considero essenciais:
Iniciativa: a verdade é que ninguém gosta de gente que não faz nada. Ninguém quer trabalhar com aquele colega “paradão”, que só se mexe depois de alguém dizer a ele o que fazer e quando fazer. Então se você vê que existe algo que precisa ser feito, faça. Se algo precisa ser dito, diga. Não seja omisso ou espere os outros fazerem o seu trabalho. Até porque se alguém o faz, você não tem porque de estar aí.
Polidez: outra coisa que ninguém gosta é de gente que grita ou que trata mal as pessoas. A regra é simples: trate as pessoas como você gostaria de ser tratado. Só isso. De vez em quando, você vai errar e falar algo que não devia. Quando acontecer, desculpe-se de forma sincera, aceite seu erro e parta para a próxima.
Aptidão: seja bom no que você faz. Treine, converse com outras pessoas e se informe sobre o que você precisa fazer e sobre o que é esperado de você. Um exemplo de treino válido é o que desenvolvedores de software fazem regularmente, que é participarem de dojos para aprender novas linguagens e treinar técnicas de desenvolvimento (prática essa que é inspirada nas artes marciais);.
Curiosidade: leia a respeito do seu trabalho e consuma informação que faça de você um profissional melhor. Vá a conferências, fale com pessoas diferentes e entenda não só o que você faz, mas também o que outros fazem para que você possa trabalhar melhor em grupo. Uma forma muito boa de aprender é ensinar. Quando você ensina, você reforça conhecimentos pré-adquiridos e também aprende sobre dúvidas e dificuldades dos outros, o que expande os seus horizontes. E lembre-se que aprender nunca é demais.
Resiliência: a vida lhe dará muita “porrada” ao longo dos anos. Quando você menos espera, aquele projeto não dará certo e aquela decisão tomada se mostrará incorreta. Não fique chorando pelo leite derramado. Assuma seus erros, aprenda com eles e siga em frente.
Integridade: tenha claros os seus valores e o que é certo e errado para você. Seja honesto com os outros e com você mesmo, e questione-se quando algo não cheira bem. Isso fará não só que as pessoas ao seu redor confiem em você, mas que você confie em si mesmo.
Preconceito zero: além de ser uma questão básica de respeito, é inegável que ao longo da sua jornada profissional você irá trabalhar com pessoas que são diferentes de você. Seja essa diferença de gênero, raça, religião ou orientação sexual, não faça com que isso seja um empecilho para a discussão de ideias. Você vai ver que pessoas que são diferentes de você são aquelas que mais te ensinam.
Diversão: divirta-se com o que você faz. Não que todo o dia vai ser muito bom, porque não vai. Mas se você não sente prazer com o que você trabalha, você não está na profissão certa.
* Gabriel Notari é Head of Delivery da Thoughtworks Brasil.
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