Os negócios estão ficando mais competitivos — não por acaso — estamos transitando do modelo econômico predominante, saindo de uma economia baseada na entrega de serviços para entrar em uma economia de experiência, onde o entendimento do todo vai muito além de um olhar apenas para um produto — ou parte de um produto — . Ao mesmo tempo, de uma perspectiva organizacional, a fluência em dados tem se tornado algo cada vez mais necessário no dia a dia de trabalho.
Essas constatações significam que estamos começando a flertar com a complexidade para encontrar oportunidades de tornar as experiências ainda melhores. Só que para isso não basta apenas querer ou conhecer muito dos famosos canvas de modelo negócio, proposta de valor ou até o querido mapa de empatia. Todos esses recursos amplamente difundidos no mercado com certeza possuem grande valor quando aplicados com sabedoria, mas não são eles que materializam um pensamento estratégico.
Ser estratégico não está associado ao uso de ferramentas, mas a nossa capacidade de análise, compreensão, síntese, levantamento de hipóteses, experimentação e outros fatores, além da capacidade de criar novas ferramentas quando necessário.
Mas o que de fato nos torna estratégicos?
Na minha opinião não é apenas uma coisa, mas uma combinação entre variáveis — como tempo — e diferentes habilidades:
Repertório:
Ser estratégico não é algo que possa ser ensinado, mas sim vivenciado. Quanto maior o nosso repertório, situações, vivências e experiências maior nossa capacidade de incorporar esses conhecimentos adquiridos na construção de soluções melhores
Adaptabilidade:
A capacidade de se adaptar à diferentes necessidades, contextos e situações é fundamental para ser capaz de buscar perspectivas diferentes, de olhar para um mesmo problema e entender que cada ecossistema exige conhecimentos e ferramentas distintas.
Fluência em dados:
Não por acaso o uso de dados atualmente é um dos temas de maior interesse e também deficiência dentro da nossa comunidade de design. Para entender de métricas é preciso desenvolver a capacidade de olhar e combinar diferentes pontos da experiência — muitas vezes distantes tanto física como temporalmente — em busca de compreender como a influência exercida em um ponto de contato impacta nas métricas de outros ao longo do tempo.
Visão sistêmica:
Olhar para como os sistemas estão conectados, como se influenciam, se interferem e também se potencializam. Um ecossistema é um conjunto de diferentes partes integradas para realizar ou concretizar a entrega de valor. Não podemos olhar apenas para uma parte da experiência ou de um produto, sem considerar como isso se reflete no todo, no curto, médio e longo prazo.
Saber usar o tempo como variável:
Boas ideias não não surgem do nada, assim como problemas não se desenvolvem do dia para a noite. Todas as nossas ações podem gerar resultados que não serão percebidos agora, mas se desenvolverão ao longo do tempo. Saber usar o tempo como variável que ajude a tornar as experiências melhores, mais efetivas e capazes de continuar entregando valor ao longo do tempo também é importante para a nossa atuação como estrategistas.
Abraçar a complexidade:
A complexidade existe, nós podemos aceitar isso ou não. Ao ignorá-la acabamos nos sujeitando àquilo que está mais em evidência, perdendo a oportunidade de explorar caminhos que tenham maiores oportunidades de gerar valor.
Conclusão
A estratégia é um mundo incrível, mas que tenho tido grande preocupação na maneira como estamos lidando com ela. Estamos tratando esse universo como se fosse algo atrelado a ferramentas, a cursos ou até mesmo como uma habilidade natural de todo designer. Sim, todo designer pode ser estratégico desde que busque isso a partir do exercício, da prática e principalmente busque criar um modelo de trabalho próprio, a partir da experiência e da experimentação.
Aviso: As afirmações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de quem o assina, e não necessariamente refletem as posições da Thoughtworks.