Geralmente somos ensinados a ver preconceito somente em atos individuais de maldade ao invés dos sistemas invisíveis que conferem o domínio aos grupos privilegiados. Assim, um dos grandes privilégios que muitos de nós temos é de ser alheio a nossa própria condição de privilégio.
Se você visitou um dos nossos escritórios no Brasil em Junho e Julho, você teve uma chance de mudar esse status aprendendo, discutindo e compartilhando os 47 itens do "Male Privilege Checklist", que foi publicado com destaque em nossas paredes.
Na Thoughtworks, advogamos apaixonadamente em favor de justiça social e econômica e procuramos estar sempre conscientes de nossos próprios privilégios, esforçando-se para ver o mundo a partir da perspectiva dos oprimidos, dos fracos e do invisíveis. Como uma organização de tecnologia, reconhecemos o desequilíbrio entre os gêneros na nossa indústria e nos comprometemos em trabalhar para melhorá-lo.
Esta simples ação não foi um ato único, mas uma das muitas iniciativas do nosso grupo Gender Justice Brasil, um grupo Thoughtworks que promove a justiça de gênero na tentativa de tornar a área da Tecnologia de Informação melhor para todos.
A idéia de exibir a lista surgiu em uma de nossas reuniões semanais, quando estávamos discutindo maneiras de conseguir mais pessoas envolvidas na remoção de barreiras estereótipo e no empoderamento das mulheres. Um dos pontos levantados foi a de que algumas pessoas podiam não sentir vontade de ajudar por não estarem cientes das lutas diárias que uma pessoa enfrenta apenas por ter nascido do sexo feminino. Pensamos que seria importante mostrar que alguns dos privilégios masculinos não são apenas invisíveis para a maioria dos homens, mas também involuntariamente perpetuados por simplesmente não estar sendo discutidos.
A partir do final de Maio, diariamente um novo item do "Male Privilege Checklist" foi então exposto nas paredes dos nossos escritórios de Porto Alegre, Recife e São Paulo.
Apresentados em um design bonito e colocados em áreas de alto tráfego, os cartazes provocaram conversas interessantes, contribuindo para uma crescente conscientização e maior compreensão da necessidade de justiça de gênero.
Quando o quarto item foi publicado dizendo: "Se eu falhar em meu trabalho ou carreira, eu posso ter certeza de que isso não vai ser visto como uma marca negativa contra as capacidades de todo meu sexo" - nós discutimos sobre como a notícia do erro de uma juíza de futebol tornous-e em um questionamento do papel da mulher no esporte.
No dia em que colocamos na parede o item número 12, que afirma que "Se eu tiver filhos e uma carreira, ninguém vai pensar que eu sou egoísta por não ficar em casa" - começamos a falar sobre trazer para o Brasil o conceito de creche no local de trabalho que existe em nossos escritórios na Índia.
E nós adicionamos o número 14 lembrando que: "Meus representantes eleitos são em sua maioria pessoas do meu próprio sexo. Quanto mais prestigiada e poderosa a posição, mais isso é verdade." E então comemoramos o fato de que temos uma mulher presidente em nosso país agora, mas também começamos a procurar maneiras de conduzir mais mulheres a posições de liderança dentro de nossa empresa.
Quando o item final, número 47, foi colocado na parede, o privilégio de ser alheio ao privilégio de ser um homem não era mais uma opção para os nossos colegas e visitantes.
Você pode se juntar a nós em nossa luta pela justiça de gênero, baixando esta lista (que traduzimos para Português) e divulgar em sua comunidade e/ou criar a sua própria versão do original em Inglês.
Gostaríamos muito de ouvir seus comentários e ideias sobre como podemos continuar trabalhando para empoderar mulheres e promover a justiça social através da criação de uma sociedade sem privilégio de gênero!
Aviso: As afirmações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de quem o assina, e não necessariamente refletem as posições da Thoughtworks.