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Levando a Inovação Empresarial Para Além da Falha Rápida

Às vezes parece que Eric Ries poderia ter se poupado de muita dor de cabeça ao escrever seu livro "A Startup Enxuta" simplesmente imprimindo a expressão "falhar rapidamente" em uma pilha de post-its e enviando-os para equipes de inovação ao redor do mundo.

O livro possui um vasto conteúdo que vale a pena ser estudado, mas quase toda semana eu me encontro com líderes empresariais que chegaram à conclusão de que simplesmente dar a equipes permissão para "falhar rapidamente" é o segredo para desvendar a inovação de produtos. O que é uma pena, uma vez que o “falhar rapidamente”, quando tomado ao pé da letra, é facilmente um dos conceitos menos úteis para os inovadores empresariais na vida real.
 

​Quando a mão de obra não é suficiente

À primeira vista, "falhar rapidamente" tem uma aplicabilidade muito restrita. É uma boa ferramenta para filtrar e rejeitar ideias. Por exemplo, um proprietário de um produto com um backlog de 100 potenciais melhorias, normalmente só possui recursos para a produção de algumas delas. Conseguir finalizar a lista rapidamente é uma habilidade valiosa. Ao formular uma hipótese e rapidamente fazer um teste A/B, "falhar rapidamente" evita muito investimento desperdiçado.

Explorar novas oportunidades de negócio desconhecidas pode parecer um outro caso de uso no qual os testes de hipóteses e a eliminação dos retardatários são valiosos. Por exemplo, ao tentar descobrir uma ideia disruptiva de um produto novo, parece que o quanto antes os impasses forem resolvidos, melhor.

Teams at Work
 
[Imagem: quatro pessoas olham para um mural com post-its]

Isso é verdade até um certo ponto. Se a sua única estratégia para explorar o desconhecido é levantar pedras e olhar debaixo delas, quanto mais pedras você virar, melhor. O problema é que testar e rejeitar não dimensiona bem a situação. Para as ideias disruptivas com potencial para fazerem diferença em mercados sofisticados, existem pedras demais para virar.

O falecido Professor da Universidade de Berkeley Robert Wilensky brincou: "Todos nós já ouvimos que um milhão de macacos digitando em um milhão de máquinas de escrever irão eventualmente reproduzir as obras completas de Shakespeare. Agora, graças à Internet, sabemos que isso não é verdade. "

Não importa o quão rápido nós falhamos, simplesmente encontrar uma obra-prima ao acaso, seja na literatura ou na inovação de produtos, é improvável no melhor dos casos.

Falhar realmente não é uma opção 

Há uma outra dura realidade. Empresas bem estabelecidas não podem fazer um número ilimitado de apostas no mercado. Em algum determinado momento, há uma necessidade de comprometer recursos em uma escala empresarial. A capacidade de alguns amigos de faculdade de trabalhar em uma garagem para testar e descartar ideias é limitada apenas pela vontade deles em continuar sobrevivendo com pouco. Sonhos de grandes (mas improváveis) remunerações, e a capacidade de fazer pivots simples de baixo custo, mantêm suas operações em andamento.

Uma empresa estabelecida não tem esse luxo. Elas encaram uma pressão ativa de concorrentes disruptivos e devem operar em escala máxima. Inovações que importam serão provavelmente complexas e multidimensionais. Há ainda uma necessidade real de validar a adaptação de produto-mercado de qualquer nova proposta, mas esse desafio anda de mãos dadas com a necessidade de se desenvolver inovações que envolvem muitas e diferentes partes interessadas dentro e fora da organização.

Pessoas inovadoras que estão cuidando de uma empresa precisam fazer mais do que simplesmente validar ideias. Com tubarões circulando no mercado, suas ideias devem criativamente usar sistemas legados, romper barreiras regulamentares e organizar equipes multidisciplinares.

Os testes de hipóteses possuem limites. Fazendo uma analogia, imagine um proprietário de um produto pulando de um avião com a corda de um único paraquedas firmemente agarrada em suas mãos. Ele leva a mensagem de falhar rapidamente a sério e puxa o cabo o mais rápido possível. O paraquedas não abre. Quanto vale essa informação? Simplesmente descobrir fatos não é suficiente. Deve-se fazer também um uso inteligente dos insights conquistados através de muito esforço.

Aprenda rapidamente e pense bem 

Um mantra mais poderoso (mas talvez menos sucinto) para as equipes de inovação empresariais do mundo real seria "Aprenda Rapidamente e Pense Bem." Para cada hipótese testada, extraia sabedoria. O que deu errado? Quais novos conhecimentos são revelados sobre o mundo? Como este conhecimento pode ser utilizado de forma mais eficaz por nós do que por qualquer outra pessoa?

Esse desenvolvimento sofisticado de insights requer talentos avançados de equipes que tenham sido previamente aprovadas por preencherem paredes de Kanban com hipóteses para testar. Visões criativas complexas exigem um pensamento sintético e uma perspectiva de visão geral de problemas complicados.

Isso pode ser um verdadeiro desafio para líderes que querem construir uma empresa enxuta, que tem a inovação como uma competência essencial. Simplesmente dar às pessoas "permissão para falhar" é um primeiro passo muito pequeno, cujos desafios estão principalmente enraizados em mudar a cultura de supervisão. Criar uma capacidade ampla de enxergar, aprender, e em seguida moldar alternativas complexas, exige muito mais dos membros da equipe e da liderança.

Aprender e pensar bem exigem o desenvolvimento de habilidades em:

  • Insights de Causa Raiz – Existe pouca informação prática no fato de que os usuários não gostaram de um produto. O que importa é o motivo pelo qual eles não gostaram.
  • Síntese e Integração – É fácil testar coisas simples. É mais difícil, mas mais lucrativo no final das contas, lidar com a complexidade que vem da combinação de diversos domínios e muitas partes em movimento.
  • Sinergia e Distinção – 2+2=4 é para idiotas. Combine duas coisas para fazer mais do que ambas podem fazer isoladamente.
  • Evasão Inteligente – Não resolva o problema que lhe é apresentado. Descubra uma maneira de dar voltas. 

Equipes acostumadas a executar uma série de experimentos de falhar rapidamente frequentemente têm dificuldade em adotar essas habilidades desordenadas. Elas não são atividades muito interessantes. Mudar a perspectiva para uma aprendizagem compreensiva e desenvolver respostas verdadeiramente conscientes pode exigir mais do que mudanças de processo em uma equipe.

Crie uma Vantagem Competitiva

Victor Hugo disse que é impossível resistir a uma ideia cujo tempo chegou. Atualmente, em um mundo hiper-criativo toda boa ideia certamente tem dezenas de equipes correndo atrás delas. Há poucas chances de que uma equipe brasileira em Porto Alegre esteja começando de um lugar completamente diferente de equipes em Pequim, Londres ou Austin, no Texas.

Então, quem ganha? A velocidade é importante, mas as empresas que vão se sobressair serão aquelas com equipes que vão obter o melhor insight de seus investimentos em testes e, em seguida, irão projetar a melhor mudança de direção para obter maior valor. Serão as organizações, equipes e indivíduos que vão além de simplesmente falhar rapidamente e que dominam a arte de Aprender Rapidamente e Pensar Bem.

Uma versão prévia desse artigo foi publicada anteriormente no blog Distilled's

Aviso: As afirmações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de quem o assina, e não necessariamente refletem as posições da Thoughtworks.

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