Looking Glass
Plataformas como produtos
Foco em clientes para entregar valor
À medida que mais organizações migram para a nuvem e aproveitam a oportunidade para criar suas próprias plataformas personalizadas baseadas em infraestruturas de nuvem, os diferentes estágios de fluência ou desempenho da plataforma ficam mais nítidos.
Como destacamos anteriormente, determinar que tipo de plataforma é adequada para cada propósito e definir o valor que você espera entregar são etapas iniciais críticas. Mas aí entra a necessidade de extrair o máximo de seus investimentos e otimizar o valor que as plataformas fornecem — e para isso, entender a plataforma como um produto é fundamental.
Muitas das decepções que as organizações experimentam com as plataformas decorrem do fracasso em tratá-las como produtos. Por exemplo, muitas plataformas destinadas à infraestrutura de desenvolvimento carecem da pesquisa inicial sobre as necessidades do usuário e da análise contextual que esperamos em outros tipos de produtos. Isso resulta em problemas com experiência e adoção do usuário e pode até levar as pessoas desenvolvedoras a levar suas habilidades para outro lugar.
O desafio pode ser enfrentado pensando as plataformas como produtos com clientes que devem ser conquistados, com uma proposta de valor, um roteiro claro e recursos dedicados para ajudar esses clientes a criar valor para a organização. Como qualquer bom produto, uma plataforma precisa de atenção contínua para evoluir e se adaptar em resposta ao feedback de pessoas desenvolvedoras e ao cenário de negócios em constante mudança.
Os sinais incluem:
A ascenção do Backstage e outras plataformas enfatizando a experiência de desenvolvimento, que podem desempenhar um papel poderoso no engajamento e na retenção de talentos tecnológicos.
Grandes referências da indústria e fornecedores vem falando sobre plataformas com foco em engenharia, evidenciando que a visão de pessoas desenvolvedoras como 'clientes' da plataforma está ganhando força.
Há um movimento para além dos data lakes em direção a depósitos de dados federados e produtos de dados, permitindo uma divisão de responsabilidade e um fluxo suave de valor em toda a organização. A crescente popularidade do data mesh reforça o valor desta abordagem.
Topologias de time, uma abordagem cada vez mais popular para estruturar equipes de negócios e tecnologia para eficiência máxima, destacando a necessidade de que as equipes de plataforma ofereçam plataformas como produtos internos para habilitar e acelerar outras equipes.
As oportunidades
Habilitar pessoas desenvolvedoras, cientistas de dados e outras funções para entregar valor excepcional. As plataformas com mentalidade de produto fornecem blocos de construção fundamentais para que uma equipe de nível 'superior' possa gastar menos tempo com preocupações de nível 'inferior', como infraestrutura, e, em vez disso, concentrar-se em entregar o que importa para clientes e negócios.
O valor a ser entregue pode diferir dependendo do tipo de plataforma (ver exemplos na tabela abaixo). Pode ser direta ou indireta, e esta última nem sempre é aparente ou apreciada pelo negócio — como uma plataforma substituindo um sistema antigo que executa as mesmas funções de forma mais resiliente e adaptável. Mas mesmo o valor indireto pode, em última instância, ser vinculado diretamente a resultados comerciais positivos.
Tipo de plataforma |
Cliente |
Proposta de valor |
Plataforma de infraestrutura com foco na pessoa desenvolvedora |
Equipes internas de desenvolvimento |
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Plataformas de ciência de dados e aprendizado de máquina |
Profissionais de dados |
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Plataforma de capacidades de negócio |
Equipes de 'linha de negócio' entregando valor para clientes externos ou internos |
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Boas plataformas também podem oferecer valor a clientes e democratizar o acesso aos dados, mas com aceleração específica por problema ou caso de uso. Um banco pode criar uma plataforma com fortes características de conformidade e segurança e outra com flexibilidade para experimentação rápida.
Em um mercado de talentos altamente competitivo, plataformas eficazes podem ser um diferencial importante e uma forma de atrair e reter tecnologistas com qualificação. Não é exagero dizer que especialistas em aprendizado de máquina, em particular, podem trabalhar onde quiserem. Essas pessoas inevitavelmente gravitarão em torno de organizações que não estão lutando com problemas de infraestrutura, mas usando plataformas que fornecem uma base para aplicar suas habilidades em projetos significativos.
O que temos visto
O HSE24 trabalhou junto à Thoughtworks para transformar sua plataforma digital em uma plataforma de engajamento. A jornada incluiu substituir o antigo sistema de oficina e, com ele, diminuir a complexidade técnica, aumentar a resiliência e encurtar o processo de desenvolvimento.
Com essa nova plataforma e processo, os recursos são lançados para clientes de maneira escalável e priorizada de acordo com o que terá mais valor. As equipes primeiro lançam um microsite com recursos mínimos para um pequeno público de teste por meio de uma campanha de mídia social direcionada. Posteriormente, é estendido a um público mais amplo, enquanto o impacto nos KPIs — como feedback de clientes ou vendas físicas — é monitorado. Por fim, esse conjunto completo de recursos pode ser lançado para toda a base de clientes.
Tendências para ficar de olho
Adote
Plataformas de experiência de desenvolvimento. Em nossa experiência, o que as pessoas desenvolvedoras desejam — acima qualquer outra coisa — de suas empregadoras é a capacidade, a liberdade e o poder de fazer o melhor trabalho, da maneira mais tranquila e lógica. E, no fundo, é esse o foco da experiência de desenvolvimento (DX). As plataformas DX fornecem ferramentas para tornar o mais fácil possível para as pessoas desenvolvedoras criarem, testarem e implantarem software, além de colaborar com seus pares e desenvolver serviços comuns para criar valor rapidamente.
Avalie
Redescentralização. A adoção de serviços de nuvem pública, como Amazon Web Services, Google Cloud e Microsoft Azure, representa uma mudança para sistemas centralizados. Embora pareçam ser descentralizados – equipes e organizações diferentes usam e controlam suas próprias partes da nuvem – a infraestrutura subjacente geralmente é compartilhada. Como resposta, as empresas estão considerando estratégias que distribuem o risco entre várias provedoras, zonas de disponibilidade ou regiões.
Antecipe
Conectividade onipresente. A computação de borda e no dispositivo trará experiências ainda mais próximas do usuário final, enquanto o 5G e a internet via satélite levarão dados para mais lugares em todo o planeta. Isso abre oportunidades para processar grandes quantidades de dados de forma barata, melhorar a privacidade, reduzir os custos da nuvem e diminuir os tempos de resposta para criar experiências únicas para clientes.
Tendências para ficar de olho: o que estamos vendo agora
- Conformidade automatizada
- Portabilidade de nuvem
- Casas conectadas
- Segurança descentralizada
- Computação de borda
- Arquiteturas evolutivas
- FinOps
- Nuvem sustentável
- Plataformas industriais de IoT
- Plataformas de ML
- Polycloud
- Sistemas e ecossistemas inteligentes
- Mercados de IA
- Malha de dados
- Ecossistemas digitais
- Plataforma de negócios
- Automação de processos robóticos e baixo código
- Contratos inteligentes
- Sistemas inteligentes de gestão de energia
- Ecossistemas de colaboração
- Padrões abertos crescentes em todo o setor
- Redes de satélite
- Cidades inteligentes
- Conectividade onipresente
Recomendações para quem quer adotar
Trate as plataformas como produtos e capacite suas equipes com os conjuntos de habilidades certos. A habilidade de gestão de produtos é uma combinação entre a experiência e a educação, e não algo que qualquer pessoa possa aprender. Não espere que isso venha espontaneamente só porque você tem especialistas com qualificação em infraestrutura.
Tenha nitidez sobre a 'missão principal' das pessoas que constroem plataformas e seus usuários. Quem constrói plataformas deve se concentrar em acelerar a criação de valor de negócio para clientes da plataforma. Certifique-se de que as próprias equipes de plataforma de negócio também estejam usando recursos de nuvem subjacentes para criar plataformas rapidamente sempre que possível.
Invista em marketing interno de plataformas e APIs. Em uma de nossas grandes clientes do setor de energia, as equipes promoveram persistentemente 14 meses o que haviam construído com pouca adesão aparente e, de repente, descobriram que havia 25 equipes desenvolvendo a partir de sua API. Essas equipes economizaram mais de US$ 5 milhões por não criar APIs do zero.
Abrace a ideia de ter várias plataformas. Especialmente considerando as tendências de computação, é algo esperado, já que cada plataforma terá características diferentes e atenderá a diferentes conjuntos de clientes. Desde que permaneça sob controle, uma certa quantidade de duplicação pode ser desejável, pois pode fomentar a concorrência e incentivar as equipes de plataforma a se manterem mais sintonizadas com sua base de clientes. As plataformas devem ser um caminho, e não uma obrigação. Certifique-se de que as equipes queiram usar uma plataforma, não que precisem.
Garanta que os proprietários de produtos de plataforma possam articular o valor em termos de resultados de negócio. As plataformas não economizam custos no curto prazo, mas são agentes aceleradores. Isso significa que precisam entregar ROI de longo prazo demonstrável.
Meça o sucesso da plataforma. Você não pode gerenciar o que não pode medir, e a medição é a única maneira real de confirmar se o valor está sendo criado e entregue. As métricas de sucesso serão diferentes dependendo da meta da plataforma, mas provavelmente incluirão:
- adoção (número de clientes, consumo por cliente, consumo por produto)
- serviço (problemas levantados, tempo para solucionar problemas)
- satisfação de clientes (NPS, feedback de clientes)
- desempenho (tempo de atividade, taxa de transferência, tempo de resposta)
- eficiência de entrega (velocidade, tempo de ciclo, roadmap de entrega)
Adote princípios de FinOps. Associe os custos da nuvem aos produtos e equipes que geram valor para clientes, em vez de enterrá-los em uma organização de plataforma ou infraestrutura. Concentre-se na economia da unidade para que você possa otimizar seus gastos para criar impacto.
Planeje orçamento para executar, não apenas construir. Para uma plataforma de sucesso, o primeiro lançamento é o primeiro rascunho. Você deve antecipar a necessidade de novos recursos, por exemplo, à medida que a adoção aumenta ou à medida que as plataformas de nuvem lançam novos serviços. O aumento da escala exigirá feitos de engenharia que os usuários da plataforma nunca perceberão (assim se espera). Uma manutenção ativa e cuidadosa será necessária para manter sua plataforma funcionando como um multiplicador de valor.
Os investimentos em plataforma devem estar vinculados ao valor de negócio tangível e, em seguida, devem ser medidos. O valor indireto, como a velocidade de lançamento no mercado ou a capacidade de inovar, pode ser tão importante quanto entregar novos produtos, aumentar a receita e diminuir os custos. Você deve buscar e medir tanto o valor direto quanto o indireto.